Uma construção de adobe
Um poço
Um objeto
Lenda de Nossa Senhora de Vagos
"Se
a memória não me atraiçoa, a cerca de um quilómetro da vila aveirense de Vagos
e situada em local campestre, pitoresco e aprazível, convidativo à oração, fica
a ermida de Nossa Senhora de Vagos cheia de história e tradição.
Consta que
antes do atual santuário, houve outro a dois quilómetros deste e de que há
apenas vestígios de uma parede bastante alta, que localmente, é chamada de
“Paredes da Torre”, que presentemente se encontra cercada de densa floresta mas
cujo acesso é bastante fácil.
Tradições ancestrais com algumas lendas
misturadas, dizem que junto da praia da Vagueira naufragou um navio francês,
dentro do qual existia uma imagem de Nossa Senhora, que a tripulação conseguiu
salvar e esconder sob arbustos que na época rareavam no areal.
Dirigindo-se para a
freguesia mais próxima, que é a Esgueira, a tripulação contou o sucedido ao
Pároco que acompanhado por inúmeros fiés, se deslocou ao local onde tinham
colocado a imagem, mas nada encontrou. Uns dizem que Nossa Senhora apareceu a
um lavrador indicando-lhe o sítio onde se encontrava, o qual aí mandou erigir
uma ermida. Outros dizem que apareceu em sonhos a Dom Sancho I quando se
encontrava em Viseu que ao dirigir-se ao local e tendo encontrado a dita
imagem, mandou construir uma capela e uma torre militar para defender os peregrinos dos piratas que
assiduamente assaltavam aquela praia.
No
entanto, crê-se que a primeira ermida e o primeiro culto a Nossa Senhora
de Vagos datam do século XII.
O que fez espalhar a devoção àquela Nossa Senhora
foram os milagres que se lhe atribuem. Entre tantos, consta a cura de um
leproso, Estevão Coelho, fidalgo dos arredores da Serra da Estrela que veio até
ao Santuário. Sentindo-se curado além de lhe doar grande parte das suas terras,
ficou a viver na ermida, onde faleceu no ano de 1515.
É deste Estevão Coelho,
que conta-nos a lenda ter quatro vezes a imagem de Nossa Senhora de Vagos, sido
transportada para a nova Capela, quando das ruínas da Capela antiga (Paredes da
Torre), e outras tantas se ter ela ausentado misteriosamente para a Capela
primitiva. Só à quarta vez se notou que não haviam sido transferidos os ossos
de Estevão Coelho, pelo que, as retiradas que a Senhora fazia deviam-se ao facto
de pretender acompanhar o seu devoto servo que na sua primeira Ermida estava
sepultado. Efetuada a trasladação, logo a Senhora ficou sossegada e satisfeita.
Consta a existência, em nossos dias, à entrada do Templo de uma pedra com a
inscrição do nome de Estevão Coelho.
Outro
grande milagre teve como cenário os campos vizinhos de Cantanhede completamente
áridos e impróprios para a cultura devido a uma seca que se prolongava há para
cima de quatro anos. A miséria e a fome alastrou de tal forma por aquela região
que todo o povo no auge do deserto elevava preces ao Céu, para que a chuva
caísse. Indo em procissão à Senhora da Varziela, ouviram um sino tocar para os
lados do Mar de Vagos; o que fez toda a gente tomar esse rumo. Chegados à
Ermida de Nossa Senhora de Vagos, suplicaram a Deus que derramasse sobre as
suas terras a tão almejada chuva, o que veio a acontecer.
Na presença deste
grandioso milagre, fizeram ali mesmo, um voto de se deslocarem àquele local de
peregrinação, distribuindo aos pobres esmolas, dinheiro e géneros.
A tradição
ainda se mantem, nos nossos dias, numa manifestação de Fé e Amor. O pão de
Cantanhede continua a ser distribuído em grande quantidade no Largo da Nossa
Senhora de Vagos. "
Pesquisa e adaptação de Teixeira da Silva, AJ
Gondomar, Porto, Portugal
Data relevante
D. Sancho I, o Rei Povoador, deu foral às terras de São Romão em 1190, e a 15 de Outubro de 1192 doou a antiga Vila de Soza à Ordem de Nossa Senhora do Rocamador, mais tarde extinta.
Um Artista
IDM 8D
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